segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sobre Fidelidade.::

Dia desses resolvi folhear um livro que ganhei no dia dos professores chamado "Pequeno tratado das grandes virtudes", o livro trata de um tema bastante oporutno, a moral, já quase não falada em um tempo onde os relacionamentos são um tanto superficiais e a religiosidade perde seu valor em virtude do desencantamento do mundo.
Como sendo nossos valores morais mais encarnados, André Comte Sponville, discorre sobre as virtudes, especificamente 18 virtudes que julga ele serem as disposições, cuja presença, em um indivíduo, aumenta- nos a estima moral por ele.
Presente na lista dessas 18 virtudes encontrei a fidelidade, aquilo porque e para que há valores e virtudes. Para abordar a fidelidade o autor começa a discorrer sobre o esquecimento, parece estranho? não se pensarmos que para entender o valor de certas coisas precisamos levar em conta justamente ao que esta se opõe. Seria a fidelidade então a virtude de memória e a própria memória como virtude, e esta se opõe ao esquecimento. Mas que memória? memória de que? E em que condições? e dentro de que limites?...Fidelidade amante, fidelidade virtuosa, fidelidade voluntária, não basta porém lembrar-se. Pode-se esquecer sem ser infiel, aliás, e ser infiel sem esquecer. Melhor, a infidelidade supõe a memória, uma pessoa só pode ser fiel ou infiel aquilo de que se lembra. Não se trata portanto de ser fiel a qualquer coisa; "já não seria fidelidade e sim passadismo, obstinação bitolada, teima, rotina, fanatismo..." Trata-se de ser fiel a experiência, pois a fidelidade é o amor conservado ao que aconteceu, o amor ao amor, no caso, amor presente ao amor passado. Fidelidade é o amor fiel, e fiel antes de mais nada ao amor.

"Como eu poderia jurar que sempre te amarei ou que não amarei outra pessoa? Quem pode jurar seus sentimentos? E para que, quando não há mais amor, manter a ficção, os encargos ou as exigências do amor? Mas isso não é motivo para renegar ou não reconhecer o que houve. Por que precisaríamos, para amar o presente, trair o passado? Eu juro não que sempre te amarei, mas que sempre permanecerei fiel a esse amor que vivemos.

O amor infiel não é o amor livre: é o amor esquecidiço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que amou e que, portanto, se esquece ou se detesta. Mas será isso ainda amor?

Ama-me enquanto desejares, meu amor; mas não nos esqueça."



Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda vou comentar isso aqui...